Acabou o mês das convenções. Os partidos tinham entre os dias 10 e 30 de junho para oficializar suas candidaturas, conforme prevê a Lei 9.504/1997.

Esse evento é peça-chave na engrenagem do cenário político, uma vez que define, também, as coligações. Agora, já se sabe quem vai caminhar junto – pelo menos no período eleitoral.

A convenção do PSB ocorreu no dia 15 e formalizou uma coligação composta por 20 partidos, sob a liderança do candidato ao Governo do Estado Paulo Câmara (PSB). Dela fazem parte, além do PSB, o PMDB, PSD, PCdoB, DEM, SDD, PDT, PR, PTC, PTN, PPL, PV, PPS, PHS, PSL, PRP, PSDB, PMN, PSDC e PROS.

Chama atenção a heterogeneidade do conjunto de aliados, tanto quantitativa quanto qualitativamente. O grupo reúne agremiações historica e ideologicamente distantes. DEM e PCdoB, por exemplo, estão no mesmo palanque.

Já o PTB deixou sua convenção para os minutos finais do prazo. No dia 29, no município de Caruaru, PTB, PT, PDT, PSC, PRB e PTdoB confirmaram a coligação para essas eleições.

Pode-se partir do pressuposto segundo o qual quanto maior a expectativa de poder, maior o número de aliados em torno do grupo.

A expectativa de poder poderia explicar a desvantagem da chapa do PTB em termos numéricos se comparado ao seu adversário. A chapa do PSB certamente pareceu mais atrativa aos olhos daqueles que ofereciam apoio.


Coligar para quê?

Coliga-se, primeiramente, para ganhar. As regras do sistema eleitoral brasileiro incentivam a formação de coligações.

Ela opera como se fosse um partido. Em tese, a coligação é reflexo da afinidade de ideais e propostas das agremiações. Espera-se, portanto, que o objetivo de vencer a disputa seja acompanhado, também, de alguma coerência programática.

Grupos se unem porque, assim, aumentam suas chances de atingir dois fins principais. São eles: vencer as eleições e governar a partir da sua visão de mundo.

Se em torno desses objetivos predominam propostas, o caminho a ser seguido pode ser classificado como programático, porque estabelecidos a partir de determinados ideais.

Se, por outro lado, a trajetória tem como prioridade a vitória nas urnas, pode-se considerá-lo como predominantemente pragmático, porque se busca um resultado instrumental – ganhar, simplesmente.

 

O dilema da coligação

No meio do caminho, há um dilema: quanto mais numerosa a chapa, maior a chance de vitória, porém maior também a tendência à interpretação de incoerência por parte do eleitor. A situação ideal é o ponto de equilíbrio entre esses dois aspectos.

O eleitor tende a interpretar a formação de coligações com um pé atrás. E não é para menos. Lamentavelmente, a desconfiança em torno do sistema representativo o leva a acreditar que políticos se unem simplesmente para predar o Estado.

Cabe aos integrantes das coligações superar essa barreira e convencer esse desconfiado eleitor de que a aproximação, todos juntos de mãos dadas, possui motivações nobres, como “melhorar a vida do povo”.

Estratégias de comunicação tendem a procurar converter essa diversidade que costuma marcar a coligação em “capacidade de aglutinar forças”. Procura-se passar a ideia de que somente um bom projeto teria a capacidade de reunir antigos adversários.

Ninguém deve confessar que se aliou, simplesmente, para aumentar as chances de ganhar as eleições. Políticos, a princípio, são racionais. Eles não costumam cometer “sincericídio” – principalmente às vésperas de eleições.

Adota-se, assim, o discurso da convenção.